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| Indicações de Livros Internacionais. |
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Talvez à época do fato histórico que o autor usa como pano de fundo para esse romance, não se utilizasse tanto a palavra resiliência como nos dias atuais, mas tratamos aqui de uma leitura que dá significado à palavra.
Jovens judeus de várias nacionalidades tiveram suas famílias destruídas com a prisão e deportação de seus pais para os campos de concentração, levando-os a se aliarem as forças de resistência francesa. Em grupos solidários, formaram laços de irmandade, dividindo a fome, a sede e a dor entre todos. Na escuridão da noite, sonhos, esperança e solidão. A clandestinidade como arma; sabotagens como atos de resistência; a liberdade como meta e um lema para nortear a luta: “Não matamos inocentes, mesmo os imbecis”, e assim evitou-se a morte daqueles que não resistiram ou se omitiram diante das forças de Ocupação, apenas pelo pavor de serem mortos ou espancados.
Mas houve sim a associação de autoridades e parte da sociedade civil francesa aos invasores, delatando os que trabalhavam em surdina para evitar o avanço nazista. Além da criação de milícias, que agiam de forma inescrupulosa delatando os judeus, para que fossem deportados para os campos de concentração e, assim, pudessem saquear suas casas, lojas e negócios, foi uma coisa vergonhosa e que, certamente, levou a morte muitos jovens que só queriam o direito supremo da liberdade.
O jovem Jeannot protagoniza a luta contra o Mal que assola seu país. Tem vinte anos e a responsabilidade de manter vivo o irmão de dezesseis. Não têm vida, só sonhos e missões a cumprir. Depois do cumprimento de várias tarefas, são denunciados e presos. No presídio, novos laços de amizade se formam para a superação dos problemas diários. O julgamento e fuzilamento de companheiros são rotineiros e o futuro é incerto pra todos. Até que surgem notícias que os Aliados estão chegando, verdade ou não, não importa! É a esperança!
Já em fuga, os alemães usam os prisioneiros como escudo para voltarem ao país de origem. Alojam mais de setecentas pessoas em vagões de carga de animais, onde as pulgas, piolhos e o calor são insuportáveis. A viagem é longa e ninguém sabe o paradeiro final. Sob o ataque dos aliados e da própria resistência alguns morrem. Outros tentando a fuga.
“O homem acostuma-se a tudo, este é um de seus grandes mistérios. Não sentíamos mais nosso próprio fedor,...”. “Nos vagões, alguns são acometidos de demência... Parecem cães raivosos”. Claude, o mais novo dos irmãos pergunta: “Acha mesmo que a demência é contagiosa?”. Esta o leitor terá que responder. |
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Gestor de investimentos, o autor trata de um assunto que interessa a ricos e pobres: Educação Financeira - tão necessária aqueles que têm recursos para investimentos, como vital para se evitar ou superar os ciclos de endividamentos dos mais necessitados. Sim, o endividamento atinge os ricos e as grandes empresas também, algumas delas até fraudam seus balanços para não perderem posição de mercado. Com a palavra os acionistas minoritários das Lojas Americanas!
Rico em referências e indicações literárias, pesquisas e experiências de outros gestores e pesquisadores, o autor nos trás o conceito da Adaptação hedonista - o homem logo se acostuma com uma nova situação, seja ela mudança de residência ou de emprego. Então, se perde recursos se adapta a um status menor, mas a que custo emocional e físico? Se ganha na mega, até onde será feliz? O que acontecerá quando o indivíduo e sua família se acostumarem com o novo padrão de vida, encontrarão a felicidade? Burak levará o leitor à descoberta.
Jacob nos conta a história do mundo corporativo em busca de soluções para atender seu público alvo: o japonês quer peixe fresco. Um alerta: “A humildade é como uma roupa íntima, necessária mas vergonhosa de mostrar”. Apresenta estudos e discussões que estão ocorrendo no Mundo todo, com o intuito de trocar o PIB por um indicador de felicidade da população local. Sim, já sabemos que a média está morta, salve a mediana com seu expurgo dos extremos.
A procura por status vem desde o início da Humanidade, quando o homem já lutava pelo poder, para ser o chefe da tribo, para ter as fêmeas que quisesse, e os demais brigavam pela confiança do chefe para ter regalias, em relação à alimentação e segurança. Hoje, há constante busca por status social, curtidas e seguidores, tem gerado uma exposição em demasia, com conteúdos nem sempre verdadeiros, fertilizando o terreno para fraudes de toda natureza.
Ter informação não quer dizer ter conhecimento. Ter o resultado de um exame não lhe permite saber com certeza absoluta a causa de um problema qualquer, mesmo sob a análise de um especialista, haja vista a ocorrência dos erros de interpretação médica.
As correlações que fazemos entre os fatos, números ou índices que temos em mãos são sujeitas a falhas por variáveis não consideradas. Ex.: a correlação entre frequência nas relações sexuais versus posse de automóveis. A pesquisa mostra que aqueles que têm as marcas mais caras transam menos. O fato está ligado à idade dos donos e não as marcas. Os mais velhos tem melhores condições financeiras, e por isso mesmo, as marcas mais caras.
Tem muito ensinamento nessa leitura que você não deve ignorar. Bom aprendizado! |
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A leitura de Orlando, uma biografia é uma abrangente e infinita discussão sobre o real e o imaginário. Há várias interpretações para a mesma imagem; diversas visões para o mesmo olhar; muitos seres em um só. Nada é definitivo, nem o tempo, pois “A verdadeira extensão da vida de uma pessoa... é sempre matéria discutível. Porque é difícil esse registro do tempo; nada o desordena mais rapidamente que o contato com qualquer das artes;...”. Por acaso, não ultrapassa sua existência algumas pessoas imortalizadas por suas obras?
Tendo como pano de fundo a sociedade londrina nos períodos elisabetano (1558 a 1637) e vitoriano (1837 a 1901), Orlando vive uma história de 350 anos. Fidalgo de grandes posses e amante da literatura, ele frequenta as grandes festas da Corte nas quais se reúnem poetas, escritores, diplomatas e bajuladores de toda ordem. As frustrações de uma paixão não correspondida, com relação a moscovita Sacha; e a exposição pública de uma obra sua, através de um jornalista e crítico literário próximo, fazem-no pensar o quanto é “encantadora e repulsiva a sociedade”. “... aos trinta anos, mais ou menos, este jovem fidalgo não só tinha passado por todas as experiências que a vida oferece como verificara a inutilidade de todas elas. Amor e ambição, mulheres e poetas eram igualmente vãos”.
Ainda que algo de maior importância tenha ocorrido ao personagem, não está o resenhista autorizado a revelação do fato, por simples respeito ao leitor. Apenas lhe é permitido dar eco a conclusão de Orlando sobre a idolatria em relação a determinadas pessoas: “os homens de gênio”, não são “tão diferentes de nós como se poderia supor”.
Ainda bem Orlando! Caso contrário, não terias tu ganhado vida e fama duradoura, através das mãos de uma mulher tão genial à sua época, mas sujeita às depressões que a levaram a um fim trágico.
Para o leitor que queira conhecer a técnica literária do fluxo de consciência que, segundo os especialistas, “é uma representação do fluxo de pensamentos, percepções e sentimentos do personagem”, a oportunidade de ler Orlando, onde a realidade é afetada por uma corrente de pensamentos, observações e emoções, que alteram seu comportamento por toda a existência é, de fato, uma leitura imperdível. |
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Lançada em 1949 e considerada uma obra de ficção cientifica à época, ela profetiza o que viria a ocorrer em várias nações nos anos seguintes. Inicialmente, pode parecer um ataque ao comunismo, aos pensamentos da esquerda, mas não! O autor fala mesmo é do Poder, da ditadura imposta pelo Grande Irmão, que ninguém nunca viu pessoalmente. Seria o prenúncio dos estragos realizados pela divulgação de fake news? Não, é muito mais do que isso! É um alerta contra a ditadura, seja de qualquer vertente política, pois seu resultado é um verdadeiro caos físico, emocional e psicológico.
Imagine-se vigiado vinte e quatro horas por dia por uma teletela? Sim, há comunicação a cada movimento seu que não corresponda às regras do Partido. Tudo em você está sendo analisado: palavras, gestual, mudanças de humor, até alterações em seus batimentos cardíacos podem ser detectados e vistos como um sinal de mentira ou traição.
Winston Smith, funcionário de baixo escalão do Partido e protagonista dessa história, trabalha no Ministério da Verdade, que tem por objetivo principal mudar o passado para que os últimos acontecimentos e noticias do Partido não sejam contestadas. Sim, puro sarcasmo!
“Dia a dia, praticamente minuto a minuto, o passado era atualizado. Dessa forma era possível demonstrar, com provas documentais, a correção de todas as previsões feitas pelo Partido;...”. O passado é alterado incessantemente (grifo nosso).
Membros do Partido não podem se relacionar entre si, o Ministério do Amor está de olho. Só é admitido o relacionamento se for do interesse do Partido. A procriação é necessária para manter a máquina funcionando, o futuro depende disso. Qualquer deslize e descoberta pode levar os acusados a prisão ou a morte sumária. Julgamentos são peças de teatro.
A Novalíngua dita às regras e a abrangência das palavras é restrita ao máximo: “Todas as palavras cujo significado gravitava em torno dos conceitos de liberdade e igualdade, por exemplo, estavam contidas numa única palavra: crimepensar”. “Diversas outras palavras, tais como honra, justiça, moralidade, internacionalismo, democracia, ciência e religião simplesmente deixaram de existir.” A destruição de alguns desses conceitos roda o Mundo e é bem familiar ao povo brasileiro, não?
Fica o alerta: “As massas nunca se revoltam espontaneamente, e tampouco se revoltam só por serem oprimidas. De fato, se não lhes é permitido ter padrões de comparação, elas nem ao menos se darão conta de que são oprimidas.”.
Certamente, essa é uma obra que leva o leitor a reflexão e, não à toa, faz tanto sucesso desde seu lançamento. Boa leitura! |
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Sobre o autor
Alain-Fournier, pseudônimo de Henri-Alban Fournier, escritor francês (1886-1914).
Quando trabalhava em seu segundo romance, "Colombe Blanchet", jamais terminado, foi incorporado a um regimento de infantaria, partiu para a Primeira Grande Guerra como alferes. Em 22 de setembro de 1914, numa operação de reconhecimento no bosque de Saint-Rémy (Meuse, França), foi atingido por uma bala na cabeça. Morreu aos 27 anos, ficando conhecido por este um único romance, que tem o título original de Le Grand Meaulnes.
Ao final do seu livro, registra-se que “embora tenha havido testemunhas do acontecimento, enquanto ele se batia em defesa da França, seu corpo jamais foi encontrado.”. No entanto, em 1991, uma equipe de historiadores encontrou, em uma vala comum com vinte e um esqueletos, em Dommartin-la-Montagne, e em novembro desse mesmo ano, a equipe afirmou ser um deles o corpo de Fournier, ao lado de 20 outros soldados franceses originários, em grande parte da região de Mirande. Fournier foi enterrado, então, no cemitério militar de Saint-Rémy-la-Calonne.
Seu nome figura nos muros do Panthéon de Paris em uma lista de escritores mortos em combate durante a Guerra de 1914-1918.
Sobre o livro
Primeiramente publicado na Nouvelle Revue Française (Nova Revista Francesa), de julho a outubro de 1913, esta é considerada a única obra publicada de Fournier.
A leitura nos transporta a outra época: mágica, romântica, antiga em conceitos, gestos e comportamentos se comparada aos dias atuais, mas que nos traz saudades do respeito e da amizade entre adolescentes e adultos, que guardavam simples lembranças e cartas como verdadeiros tesouros. Talvez tudo isso seja “Ilusões Perdidas”, mas só sua leitura dirá!
O adolescente Françoisé quem nos conta a história. Nutre um relacionamento de admiração e respeito pelo Grande Meaulnes, que beira o endeusamento. Por sua vez, o silencioso, inquieto e aventureiro Meaulnes, arrebanha admiradores e inimigos por toda sua trajetória. A aventura é sua paixão, as mulheres apenas páginas de um livro que conta sua vida. O cenário é claro! França de 189...
“..., sentava-se perto de Florentin, diante de dois copos de aguardente de cana”. Epa! Estamos na França do século XIX, ou em Minas Gerais?
“Se Frantz”, prosseguiu ela, “não morreu e voltar um dia, se ele reencontrar os amigos e a noiva, se o casamento interrompido se realizar, talvez tudo volte a ser o que era dantes. Mas será que o passado pode reviver?”. Sim, lendo O Bosque das Ilusões Perdidas, com sua narrativa detalhada sobre a vida cotidiana das pessoas, tem-se a clara impressão que a diferença entre o urbano e o rural era quase imperceptível. Tudo era mais leve como em um conto de fadas, ou pelo menos assim quis o autor nos fazer acreditar, ele que morreu em combate na Primeira Grande Guerra Mundial.
Sobre o livro
Primeiramente publicado na Nouvelle Revue Française (Nova Revista Francesa), de julho a outubro de 1913, esta é considerada a única obra publicada de Fournier.
A leitura nos transporta a outra época: mágica, romântica, antiga em conceitos, gestos e comportamentos se comparada aos dias atuais, mas que nos traz saudades do respeito e da amizade entre adolescentes e adultos, que guardavam simples lembranças e cartas como verdadeiros tesouros. Talvez tudo isso seja “Ilusões Perdidas”, mas só sua leitura dirá!
O adolescente Françoisé quem nos conta a história. Nutre um relacionamento de admiração e respeito pelo Grande Meaulnes, que beira o endeusamento. Por sua vez, o silencioso, inquieto e aventureiro Meaulnes, arrebanha admiradores e inimigos por toda sua trajetória. A aventura é sua paixão, as mulheres apenas páginas de um livro que conta sua vida. O cenário é claro! França de 189...
“..., sentava-se perto de Florentin, diante de dois copos de aguardente de cana”. Epa! Estamos na França do século XIX, ou em Minas Gerais?
“Se Frantz”, prosseguiu ela, “não morreu e voltar um dia, se ele reencontrar os amigos e a noiva, se o casamento interrompido se realizar, talvez tudo volte a ser o que era dantes. Mas será que o passado pode reviver?”. Sim, lendo O Bosque das Ilusões Perdidas, com sua narrativa detalhada sobre a vida cotidiana das pessoas, tem-se a clara impressão que a diferença entre o urbano e o rural era quase imperceptível. Tudo era mais leve como em um conto de fadas, ou pelo menos assim quis o autor nos fazer acreditar, ele que morreu em combate na Primeira Grande Guerra Mundial.
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Sobre o autor
Noah Gordon (1926 – 2021) escritor americano serviu no Exército de seu país durante a Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, entrou para um curso pré-médico por pressão de seus pais, mudando-se para o curso de jornalismo após seis meses. Formou-se como jornalista em 1950. Atuou como editor de algumas revistas científicas e publicou o seu primeiro romance (Rabbi) em 1965.
O último judeu (The Last Jew) foi lançado no ano de 2000.
Sobre o livro
Tendo como pano de fundo o período final da Reconquista Cristã (entre os anos 718 e 1492), processo histórico, militar e religioso no qual os reinos cristãos de Aragão e Castela unidos, retomam os territórios da Península Ibérica dos muçulmanos, em um movimento patrocinado pela Igreja Católica para a limpeza étnica e religiosa da região, veremos os horrores impostos aos judeus espanhóis, perseguidos e mortos pela Inquisição.
Nascido Yonah Ben Helkias Toledano, o ainda adolescente filho de Helkias Toledano, verá sua família ser destruída pela ambição e intolerância religiosa daqueles que, em nome de Deus, subornam, corrompem e eliminam os sonhos e as esperanças do povo judaico. Para sobreviver, judeus aceitam o catolicismo e se transformam em novos cristãos. Mas isso não impede que alguns mantenham seus rituais para o shabat. Descobertos, serão levados à fogueira em grandes shows chamados autos de fé. Sabedores dos riscos que correm, fogem para outros países deixando para trás suas histórias de vida, propriedades e riquezas, que logo terão outros donos ligados ao Poder. (Qualquer semelhança com o ocorrido quatro séculos depois na Segunda Guerra Mundial, não é mera coincidência).
Só no mundo e para sobreviver, Yonah se torna Ramón Callicó sem se converter ao catolicismo. A faculdade da vida lhe mostrará o caminho e ele trabalhará como peão, servente, pastor de ovelhas, marujo, polidor de armaduras, aprendiz de armeiro, tradutor de texto hebraico, médico, cirurgião. Ganha respeito e poder, armas necessárias não só para sua sobrevivência, mas que lhe darão a oportunidade de honrar a morte do pai e a perda de toda família.
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Entendo que não se trata de um livro de autoajuda embora muito se pareça. Através de exemplos de vida e pesquisas, o autor revela o que muitos de nós já assistimos na vida pessoal e profissional: os gênios nem sempre alcançam as melhores posições profissionais ou financeiras, pois o potencial oculto depende de habilidades de caráter: “As pessoas que mais evoluem não são as mais inteligentes. São as que se esforçam para tornar a si mesmas e aos outros”.
Não se abalar com o desconforto que algumas disciplinas nos trazem, muito pelo contrário, superá-los e ir ao encontro de outros, esse é o recado. Ter um “andaime” temporário para se estabelecer em outro patamar, um mentor (a) é um ótimo exemplo disso. Ser uma “esponja”, sugando conhecimento e aprendizado, “O progresso depende da qualidade do conhecimento que você adquire, não da quantidade de conhecimento que você busca.”.
Uma sugestão para guardar: “Decida quais informações merecem ser absorvidas e quais devem ser filtradas. Escute os mentores que sabem do que estão falando (credibilidade), que conhecem bem você (familiaridade) e que desejam o seu melhor (cuidado). Adam alerta que o número de pessoas que tentamos agradar é bem superior ao que temos capacidade de agradar, sendo que o mais importante é saber quem realmente temos que agradar e, dentre elas, certamente, a nós mesmo.
Achei o livro formidável e recomendo sua leitura! E para terminar, transcrevo abaixo o que pensa o autor sobre aquela sensação de que não somos tão bons quanto os outros acham que somos.
“Pouco tempo atrás me dei conta de que a síndrome do impostor é um paradoxo: os outros acreditam em você; você não acredita em si mesmo; mas você acredita mais em si mesmo do que nos outros.”
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Todos nós já fomos dormir com algum tipo de problema ou expectativa que nos tenha perturbado o sono. Ao despertarmos, sentimos os efeitos de uma noite mal dormida e o ressurgimento dos problemas que nos atormentam. Mas Gregor Samsa, apesar da noite mal dormida e do sono intranquilo, não teve a mesma sorte que temos, dia após dia, de recomeçarmos nossas vidas. Gregor sofre uma metamorfose que definirá sua vida de uma forma inesperada.
No início ele parece não perceber o tamanho do problema, além da sua dificuldade de levantar da cama para ir trabalhar. A família tem uma dívida e Gregor assumiu a responsabilidade de pagá-la. Com o pai tendo fracassado nos negócios, a mãe asmática e uma jovem e querida irmã violinista, a quem Gregor prometeu enviar para uma instituição em que ela pudesse desenvolver suas habilidades, os problemas familiares não o deixam enxergar, de imediato e com clareza, a dimensão do seu problema. Mas a ficha vai caindo ao longo do tempo.
Logo a aparência assustadora e a dificuldade de comunicação começam a ditar o ritmo das coisas. O amor e a dedicação de sua irmã lhe dão conforto, mas isso pouco resolve. A chegada do gerente de sua empresa em busca de informações, que não lhe são fornecidas, determina sua demissão. E, ao alugar um quarto da casa para três hóspedes, de forma a poder contar com os recursos do aluguel para cobrir o orçamento, a família se depara com o risco de expor seu temor: a publicidade sobre a condição atual do filho.
O desgaste e a irritação começam a mostrar o que o ser humano tem de pior e, logo, Gregor estará mais só do que nunca, com sua angústia alcançando o leitor, prendendo-o em uma história de ficção muito próxima da realidade das pessoas idosas, que carregam suas doenças e demências sem qualquer tipo de acompanhamento.
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